04/05/10

o défice e o bento

Tem-se criado a ideia no país que a saída do euro seria uma grande desgraça, e essa ideia tem sido veiculada principalmente por políticos. Na realidade, seria uma enorme bonança porque é o euro que está a paralisar a economia portuguesa desda há mais de uma década. Neste post analiso os efeitos da introdução do bento sobre o défice do sector público.
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Portugal importa actualmento cerca de 40% do seu PIB e exporta 32%. A desvalorização do bento que se seguiria à sua introdução, e que eu estimo em cerca de 25%, teria um enorme impacto no PIB e no emprego. Nos dois a três anos subsequentes seriam de esperar taxas de crescimento da ordem dos 5% ao ano no país.
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O défice do Estado, que tem sido uma batalha perdida com o euro, iria baixar drasticamente (isto, evidentemente, supondo que os governantes não inventam novas despesas). Primeiro, aumentavam as receitas fiscais em resultado do crescimento do PIB e do emprego. Em segundo lugar, diminuiriam as despesas sociais (subsídios de desemprego, etc.) e seria também de esperar que alguns funcionários públicos fossem atraídos para empregos no sector privado, diminuindo a despesa com o funcionalismo.
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No espaço de dois anos, as contas públicas estariam equilibradas e em superavit ao final do terceiro, podendo o Estado começar a reembolsar a dívida pública que entretanto aproxima os 100% - um valor crítico a partir do qual os economistas consideram que é muito difícil a um país evitara bancarrota.

1 comentário:

  1. Caro PA,

    1)
    O problema, a meu ver, não seria resolvido... 1) a falta de produtividade manter-se-ia 2) a falta de competitividade permaneceria.

    Não há desvalorização de moeda que aguente a diferença de custos de produção entre Portugal e o Exterior. Desvalorizar a moeda é, digamos, tapar o sol com a peneira de forma artificial... e é um processo sem fim, como a história já o demonstrou.

    Ora, artificial por artificial, seria mais práctico (e sem contraindicações inflacionistas que impedem o investimento privado por via tx juro) recorrer a um ajuste de 25% (para usar o seu exemplo) nas taxas alfandegárias de importação, exclusivamente nos produtos aonde haja produção nacional ou potencial de crescimento.

    Ficariamos, pois, com as vantagens da desvalorização, e não colhiamos os efeitos negativos sobre a divida externa; do mesmo modo, o investimento privado não seria penalizado, uma vez que a txa de juro manter-se-ia denominada em Euros.

    Por outro lado, a factura energética é denominada em dolares; à desvlorização seguir-se-ia um aumento fortissimo dos custos de produção via aumento do custo de importacçao do petroleo.


    2)
    Mas se tivermos que fazer um exercicio mais imaginativo, gostaria de perguntar se consideraria últil (não pensei sériamente no assunto) sair do EURO nas seguintes condições: 1) manter o curso legal do EUR, 2) introduzir curso legal do Dolar. Duas moedas de referencia mundial a circular livremente no espaço Portugues. Embora possa parecer uma medida latino-americana, em nada tem a ver com aqueles paises, porquanto não existiria uma moeda má e outra boa, mas sim um concorrencia entre duas boas.

    Créditos podiam ser contraidos livremente, quer em USD, quer em EUR. Podiamos usar o melhor de dois mundos... conforme as necessidades do momento; importar materias primas em USD, exportar na mais conveniente.

    RB

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