09/05/10

acabar mal

Na Grécia, o poder político, apesar de maioritário, já começou a diluir-se, tornando o país a breve prazo ingovernável (cf. aqui). O mesmo vai suceder em Portugal.
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Numa democracia, não é fácil identificar os responsáveis pela situação calamitosa a que a Grécia já chegou e a que Portugal vai chegar, mas aproxima-se o momento em que as pessoas vão perguntar quem foi responsável por isto.
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Em Portugal, uma das figuras é obviamente o actual Presidente da República. É claro que não é apenas ele. Mário Soares é outra figura com pesadas responsabilidades. Mas eu nunca tive consideração intelectual por Mário Soares, acho-o um patarata intelectual que nem um curso de Direito foi capaz de fazer com mais de dez valores. Com o Professor Cavaco Silva é diferente. Ele é Professor de Economia.
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Que ele tenha lançado Portugal na aventura do euro, sendo economista, sempre foi para mim totalmente incompreensível, excepto aceitando a conclusão, a que acabei por chegar, que muitos anos antes disso ele havia aceite fazer uma troca que sempre me pareceu má. Tratou-se de trocar a sua profissão de Professor, que envolve procurar a verdade e transmitir a verdade, pela de político democrático, que envolve dizer a primeira mentira que o povo esteja disposto a aceitar.
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Foi isso que ele fez. Aquele slogan do seu tempo de que Portugal era um bom aluno da UE (como agora se está a ver: aprendeu tudo na ponta da língua) sempre me pareceu uma aceitação de infantilidade intelectual, da sua parte e extensível a todos os portugueses, que desafiava toda a imaginação. Um Professor não aceita ser aluno. Um Professor é sempre um Professor.
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Mas o Professor Cavaco Silva, a troco dos dinheiros da UE, aceitou renunciar à sua condição de Professor, e tornar-se um aluno e um político. Vai pagar um preço. Outro nas mesmas condições é o actual ministro Teixeira dos Santos. Vão ambos acabar mal, sem glória. As glórias que o povo dá são meramente passageiras.

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