14/05/10

infalibilidade do Papa

Depois de 36 anos de democracia e da tão reclamada liberdade de expressão do pensamento, que ideias novas surgiram em Portugal que tenham contribuído para o bem comum, que benefícios trouxe então a liberdade de expressão do pensamento?
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Não me ocorre uma só.
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É certo que ideias novas de carácter económico, político e social foram introduzidas em Portugal nos últimos 36 anos. Mas nenhuma da autoria dos portugueses ou porque os portugueses tenham chegado a elas por qualquer consenso mais ou menos alargado. Foram todas importadas do estrangeiro ou impostas pelo estrangeiro.
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O princípio da infalibilidade do Papa que tanta adversidade gerou entre os chamados livres pensadores do século XIX tem um alcance prático que raras vezes tem sido posto em relevo. Na cultura católica quando se põe uma questão à discussão entre as pessoas, a conversa vai-se tornar interminável, sem que alguma vez se chegue a um consenso, por mínimo que seja, e mesmo as boas ideias que possam surgir se perdem no meio do ruído geral. É uma consequência do personalismo católico segundo o qual cada um tem em si uma chama de Deus.
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De maneira que esta cultura precisa de uma instituição que ponha fim à discussão interminável, divisiva, e sempre inconclusiva. É essa a função do princípio da infalibilidade do Papa. "Acabou-se a conversa! É assim e não há mais discussão. Maria era Virgem, ponto final. Foi um milagre de Deus"
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Se não fosse assim, ainda hoje estaríamos a discutir ferozmente entre facções se Maria era virgem ou não. Foi por estas questões que se geraram as guerras religiosas na Europa que mataram milhões de pessoas. A solução católica, mais uma vez, foi a mais racional. Há um homem que decide a contenda e põe fim à discussão. Acabou-se. É assim e acabou-se. Não se fala mais no assunto. Não morre ninguém.

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