Aos comandos de qualquer processo social ou instituição deve estar um homem dotado de poder absoluto, que só responde perante Deus e não perante o povo, que assume as responsabilidades por tudo o que de mau esse processo ou instituição produzir, mas que também dispõe dos poderes para corrigir esses males. Esta é a mensagem essencial do catolicismo em matéria social.
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Todas as doutrinas sociais, como o liberalismo e o socialismo, que tiveram origem no protestantismo se opõem a este princípio. Ninguém deve ter um tal poder ou, então, se o tiver, deve responder perante o povo, para que o povo o possa substituír a qualquer momento. O liberalismo anglo-saxónico inclina-se para a primeira solução, daí o seu ênfase no mercado livre - ninguém está aos comandos. A social-democracia germânica inclina-se para a segunda solução, e daí o seu ênfase na democracia - quem está aos comandos deve responder perante o povo para que possa ser substituído.
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O conflito é, portanto, entre, por um lado, a autoridade exercida por uma pessoa que só responde perante Deus, e a autoridade exercida seja por ninguém seja pelo povo. É também o conflito entre ser uma razão-humana a comandar os processos sociais, ou nenhuma razão humana a fazê-lo, substituindo-a pelos chamados processos espontâneos ou impessoais, como o mercado ou a democracia.
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A solução católica apela, pois, à razão humana; a solução protestante exclui-a e os processos sociais passam a ter resultados aleatórios. Pode tudo correr muito bem, mas também pode tudo correr muito mal, porque nenhum homem está aos comandos com os poderes suficientes para controlar os resultados e os corrigir. A solução da cultura protestante exige um grande optimismo, uma fé pura kantiana que não está assente em nenhuma base racional.
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A cultura protestante, com a aleatoriedade dos seus resultados sociais, pode ser capaz de grandes coisas, se tudo correr bem, mas também pode levar a sociedade à desgraça, se tudo correr mal. A cultura católica nunca chega a este extremo da desgraça. Nesta cultura, o homem de poderes absolutos seria removido do seu lugar antes que isso acontecesse, nem que fosse pela força. A cultura católica, com o seu ênfase na razão humana, é uma cultura de equilíbrio, a força da gravidade que impede que o pêndulo entre em roda livre.
Essa foi a visão de Julio César na Gália... depois cruzou o Rubicão...
ResponderEliminarOs patriarcas representados no Senado (elite) não perceberam as vantagens, gerando a guerra civil e homicidio...
Augusto tal como César tinham percebido Mário (tio do 2º)... os patriarcas não... não souberam "democratizar inter pares" a autoridade do senado.
Nunca a economia mundial cresceu (digo eu) e a humanidade se desenvolveu como durante a Pax Romana.
Depois os imperadores passaram a ser nomeados hereditariamente ou pela guarda pretoriana... o senado não se soube adaptar, reformar.
A Igreja soube interpretar a herança do poder personalizado absoluto, mas democratizou-o interpares e estabilizou-o por dois milénios, extraordinário!
Bento XVI é o fiel herdeiro de César e de Pedro!
O problema é que os bárbaros (germanos e outros) foram evangelizados mas nunca foram efectivamente Romanizados durante séculos como nós os do Sul da Europa, logo, não reconhecem os beneficios do Poder personalizado absoluto!