23/03/10

A Organização Industrial (xxi)

No país socialista, a organização industrial é definida pelo Estado. Os sectores de actividade que possuem relevância política são dominados pelo Estado, directamente ou através de empresas públicas. A forma de organização industrial dominante é o monopólio do Estado. Existem oligopólios, onde normalmente pontifica uma empresa pública, com participação de empresas privadas. O cartel controlado politicamente é frequente. Todos os sectores de actividade tendem a ser regulamentados pelo Estado. A empresa privada possui um carácter subsidiário e o sector concorrencial é residual e prevalecente nas indústrias sem relevância política.

No país liberal, a organização industrial é definida inteiramente pelas forças do mercado. Prevalece a empresa privada. O país liberal oferece todo o espectro de paradigmas de organização industrial definidos pelos economistas, desde a concorrência perfeita, num extremo, até ao monopólio, no outro, e passando pela concorrência monopolística e o oligopólio. A existência de economias de escala e de escopo, barreiras à entrada na indústria, etc., define o carácter mais ou menos monopolístico de cada sector de actividade económica. Os monopólios naturais são frequentes, e assim também os oligopólios que frequentemente degeneram em carteis, fazendo do país liberal o país por excelência das grandes empresas privadas.

No país católico a organização industrial é definida em primeiro lugar pelo mercado local e subsidiariamente pelo Estado. O país liberal é o reino da pequena empresa privada, assumindo a forma de empresa-familiar, e aquele que mehor aproxima o modelo de concorrência dos economistas. O crescimento das empresas está limitado pela perda do controlo familiar. Por isso, as grandes empresas do país católico tendem a possuír uma dimensão moderada. O Estado ocupa os sectores de actividade não servidos pela economia privada, primeiro a nível local e depois regional e nacional. Ao Estado também compete regulamentar a actividade privada, evitando os excessos da concorrência e da concentração.

2 comentários:

  1. Já adicionei o GOVERNANCIA ONLINE aos favoritos. Acompanho o Prof PA há 20 anos. Guardo os recortes das crónicas do JN e do DN. Lembro-me com saudade do programa na TSF onde participei (lembro-me daquela vez que Carvalho da Silva entrou no programa como louco ou dos programas em que atacava o Papa). Também eu tenho evoluído no mesmo sentido do prof PA: penso hoje de modo diferente do que pensava há 20 anos quando era um jovem estudante de economia.

    Desejo ao prof PA e sua família muita saúde e muita vontade de partilhar as suas ideias com os seus leitores.
    Um abraço

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  2. No último parágrafo (relativo ao país católico) há um lapso importante:

    Onde está:

    "O país LIBERAL é o reino da pequena empresa privada"

    devia estar:

    "O país CATÓLICO é o reino da pequena empresa privada"

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