Visto de avião é assim. Mas se você descer lá abaixo...
Tão importante como saber quais são as suas perpectivas de emprego é saber como é que você vai viver se ficar desempregado.
No país socialista, o Estado paga-lhe um subsídio de desemprego. Até lhe paga cursos de reorientação profissional e dá-lhe um subsídio de realojamento se você encontrar um emprego numa cidade diferente da sua. Certo é que, findo um certo período, você vai ter de possuir um emprego, caso contrário é o Estado que lho arranja e o obriga a trabalhar. Em última instância você acabará a fazer aquilo que o Estado lhe mandar, e este é o estádio último do servile state a que se referia Belloc.
No país liberal, o desemprego é um grande risco. Se você não poupou o suficiente para fazer face a este risco, você vai ficar literalmente na rua, sem ninguém que lhe acuda. Talvez algumas organizações sociais espontâneas de assistência social, normalmente ligadas a movimentos religiosos, o ajudem. Poderá acabar, por exemplo, num hospício da Salvation Army, onde terá cama, mesa e roupa lavada, e até cuidados de saúde. Os outros que lá vai encontrar serão como você, pessoas sem qualuer esperança de arranjarem um emprego. Será esta, a partir de agora, a sua "família".
No país católico, você recorre aos pais, se eles ainda forem vivos. Ou então recorre à irmã pedindo-lhe dinheiro emprestado, e prontificando-se a ajudar o cunhado lá na padaria; ou a um amigo, para lhe arranjar emprego. Em última instância recorre ao padre da freguesia, o qual pede à mulher do industrial se ele arranja lá na fábrica alguma coisinha para o rapaz ("ele é tão bom rapaz..."), nem que seja como porteiro. Uma coisa é certa, você não vai ficar na rua nem ninguém o vai internar num hospício. Alguma coisa se há-de arranjar. Este país nunca deixa caír ninguém, nunca ninguém fica para trás, aparece sempre alguém a dar uma mãozinha, a pôr a mão por baixo. Disso pode estar certo. É a caridade cristã a funcionar, o valor mais alto do catolicismo, logo a seguir à vida.
08/03/10
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